Madeira Colada Laminada foi tema de palestra na AEAS

Na reunião da semana passada, o presidente fez a abertura falando sobre os grandes eventos de dezembro que iriam acontecer.  O Fórum Cidades Inteligentes, nos dias 5 e 6, na Facens e Parque Tecnológico de Sorocaba, respectivamente. Além do Jantar Dançante da AEAS, que acontecerá nesta semana, dia 14. Ele também apresentou os novos associados da semana.

Logo chamou o palestrante da noite, o arquiteto e urbanista Luciano de Aguiar, diretor comercial da Ita Construtora, que falou sobre Estruturas de Madeira Laminada Colada.

A madeira, muito utilizada em construções milenares e que perduram até hoje, como o Mosteiro de Todaiji, no Japão, perdeu espaço ao longo dos anos. Primeiro pela Revolução Industrial, que encontrou no aço e no concreto materiais mais industrializáveis em larga escala. Também na modernização, em que grandes nomes da arquitetura utilizaram o concreto como material principal.  Além da questão ambiental. “Ela era difícil de industrializar e também ficou associada ao desmatamento, e isso era negativo”, explica Aguiar.

O retorno da madeira, que ficou associado por muitos anos, ao artesanato, se deve ao advento da tecnologia e sustentabilidade. “A tecnologia está vindo a reboque da sustentabilidade. Estão olhando para ela porque é renovável e reutilizável. Consegue superar muito o aço e concreto. Você não consegue plantar os elementos do concreto e se gasta muita energia para produzir. Dá para equiparar o uso da quantidade de material entre madeira e concreto, porém a madeira utiliza 10% da energia que é utilizada para produzir o concreto ”, explica o especialista.

Em relação a emissão de Co2, a madeira ganha com muitos pontos à frente. Para cada quilograma de aço gerado, são 4 kg de Co2. O concreto é 1 kg de Co2 para cada quilograma do material produzido. Já a madeira não produz CO2, e sim um ativo, considerando a cadeia como um todo. “A madeira retém carbono, faz fotossíntese e joga oxigênio no ar. Ela só libera se houver um incêndio”, afirma o arquiteto.

Por este motivo é que empresas como a Ita, abandonaram o uso de madeira nativa para fazer silvicultura (plantio de árvores para corte – como uma plantação de soja, milho e outros). E passaram a fazer o processo de colagem da madeira com eficiência. Primeiro com parafusos e posteriormente com uma cola especial. “Hoje possuímos um elemento adesivo da Alemanha – a base de Poliuretano – PU, que atinge níveis satisfatórios de resistência estrutural. 90% do que a Ita faz é em madeira laminada colada e os projetos são todos integrados com a produção por meio de um sistema, como se fosse uma impressora 3D”, detalha Aguiar.

Graças a chamada Madeira Engenheirada, é que é possível fazer peças em grande escala e em diversos formatos, como circulares, quadrados, abaulados e outros. As peças são coladas no mesmo sentido, aproveitando onde a fibra é mais resistente. “Importante no caso da Madeira Laminada Colada é uma peça não deslizar sobre a outra”, afirma Aguiar.

Com peças menores, é mais fácil secar a madeira de forma homogênea e a peça não empena. “Com lamelas mais estreitas você consegue secar em estufa e trazer esse material para 12 a 15%. Diferente de uma peça maciça e grande, que não há estufa que drene essa seiva. Ela seca ao longo dos anos e pode empenar”, detalha.

Da para fazer peças de até 22 metros de comprimento com sistema de emendas. “Importante que as emendas não fiquem alinhadas. Caso veja o material assim, há risco de ruptura. Agora se estiver dentro do padrão, a madeira é mais resistente do que uma madeira nativa”, afirma.

A Europa utiliza muito mais a madeira do que o Brasil. A  WWF Brasil apoia e divulga diversos vídeos em seu canal no youtube “Madeira é Legal”, para reforçar o uso sustentável da madeira, com rastreio da cadeia produtiva.

Temas que sempre permearam a cabeça das pessoas, como incêndio, os xilófalos (cupim, caruncho, broca e outras “pragas” da madeira), e apodrecimento, já foram desmistificados. No caso do incêndio, a madeira, embora combustível para o fogo, tem um tempo de fuga maior do que o do aço. “A madeira queima e forma uma camada de carbonização em volta e ela impede que a chama entre em contato com a madeira combustível, em seu interior. Assim conseguimos calcular a evolução dessa carbonização de cada tipo madeira, e automaticamente, o tempo de fuga, antes que a carbonização atinja a sessão estrutural da construção. Já o aço, o problema é a temperatura. Ele não é combustível, mas se a temperatura atinge seu ponto de fusão, ele perde suas propriedades e escoa, ou seja, a estrutura vem abaixo”, detalha Aguiar.

Já para evitar a umidade e o cupim em países tropicais como o Brasil, o ideal é fazer uma bota e um chapéu. “Uma bota é um calço de concreto para evitar a umidade do chão e em cima um “chapéu” que protege a madeira da chuva intensa. Assim, a durabilidade será bem maior”, detalha.

Hoje, países constroem prédios inteiros de madeira, além de estruturas que parecem mais obras de arte. “A madeira está sendo restituída ao mundo da arquitetura e engenharia e a limitação fica na imaginação dos projetistas e na logística. O material é extremamente resiliente”, encerra Aguiar.

O presidente encerrou a palestra afirmando da qualidade das informações técnicas recebidas. E que a madeira se mostrou uma grande ferramenta para a construção civil.

Mais informações em itaconstrutora.com.br

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