Lixo Urbano e Tratamento de Mananciais foi tema da última reunião do ano na AEAS

A última palestra do ano, durante a reunião da semana passada (18.12), foi sobre Reciclagem de Lixo Urbano: Resíduo Zero em acordo com a Lei Federal 12.305/2010, além do Uso e Tratamento dos Mananciais de Água, com sala cheia. No início da reunião o presidente José Carlos Carneiro apresentou os palestrantes e disse da importância de se trabalhar para reduzir o lixo urbano.

O eng. mecânico e de automação Marco Antônio Rocha, iniciou falando da importância do Projeto Fênix, para se destinar adequadamente o lixo, para atender a Lei, de 2010, e a parte social também.

O tecnólogo Clóves Zanellati explicou que o Projeto Fênix é semelhante aos aplicados em países como Japão, Espanha e Estados Unidos, em que o lixo é totalmente reaproveitado. Em Sorocaba, não há mais onde colocar lixo. “Mandamos o lixo para um aterro fora da cidade, pois não há mais capacidade aqui. É preciso repensar”, afirma.

O processo engloba a reciclagem de lixo seco (recicláveis), lixo orgânico e também na parte social, pois profissionaliza a catação. Segundo dados apresentados na palestra, somos 200 milhões de brasileiros e produzimos cerca de 200 mil toneladas de lixo por dia. Que metade seja orgânico, ao invés de ser aproveitado, é enterrado em aterros, que devem ser cuidados a vida toda, para não contaminar o solo.

O engenheiro químico com especialização em eng. ambiental, Celso Luís Quaglia Giampá, também tem extensa experiência em tratamento de água, é presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Lorena, e atua na empresa Clínica da Engenharia, afirma que a solução para o lixo é definitiva. Ele explicou como funciona o Projeto Fênix em detalhes. “Nosso projeto usa totalmente o lixo, incluindo os 5% que ficam de fora de projetos comuns”, ressalta.

A proposta do projeto é trabalhar o reaproveitamento do lixo seco e fazer adubo orgânico com o lixo úmido ou orgânico, fazendo um gerenciamento dos resíduos.

O gerenciamento começa na educação, que deve durar a vida toda, segundo o engenheiro químico. “O projeto prevê a entrada nas escolas para que as crianças entendam como funciona a separação. Ela é necessária e prevista em Lei”.

Depois a Coleta Seletiva. A Fênix oferta a consultoria para o coletor que já faz o processo na cidade saber como fazer e para onde levar. O intuito é que unidade de processamento funcione 24 horas.  A questão da catação individual é problemática, segundo Giampá, pois são explorados pelos deposeiros. “Os catadores precisam ter mais respaldo de saúde e de trabalho. Ficar catando lixo nos aterros e em lixeiras não é saudável”.

Processamento

Na unidade de processamento, há esteiras que separaram os recicláveis, pois há inúmeros materiais. Exemplo de não aproveitamento adequado é o papel. “Hoje os papeis são misturados, prensados e vendidos baratos. Mas, o que muitos não sabem, é que o papelão corrugado pode ser vendido a quase R$ 200 a tonelada e o papel branco a quase R$ 500 a tonelada. Separar é mais rentável e sustentável”, explica Giampá.

O lixo orgânico, ou úmido, passa por uma esteira, é separado e depois entra em um triturador. Ele é moído em partículas micrométricas, para facilitar o trabalho de decomposição dessa matéria. Além disso, é decomposto em um acelerador de compostagem aeróbia natural em 8 horas. “A decomposição natural aeróbia é exotérmica, ou seja, produz calor, e como ficará dentro de um tubo, o próprio calor da decomposição é utilizado para acelerar o processo. É só isso”.

Após esse processo, o material é passado por uma peneira e fica similar a pó de café. É usado como adubo. Segundo o especialista, este adubo é mais rico em minerais do que os comercializados, contém de A a Z, sendo que os comercializados possuem basicamente NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Além disso, é orgânico, sem adição de produtos químicos, não causando impactos ambienteis e de saúde. E o custo também é cerca de 70% mais barato.

Na unidade também não há odor fétido, nem insetos (vetores), já que não há estoque de matéria orgânica, pois assim que chega é processado.

Segundo a equipe do projeto ele é benéfico por vários motivos. Primeiro o resgate social, já que profissionaliza os catadores e separadores de lixo, depois, a unidade é totalmente autossustentável, sem necessidade da prefeitura mantê-la economicamente, também não há gastos para enterrar o lixo e fazer o transbordo, gerando economia. Além disso, apontam os criadores do projeto, que se acaba o passivo ambiental gerado pelos aterros; com a exploração dos Catadores; a existência de depósitos clandestinos, os chamados Deposeiros; é instalado uma indústria na cidade; ajuda a cidade a se enquadrar como Munícipio Verde e a receber mais subsídios e soluciona definitivamente a destinação do lixo.

Mais informações em https://www.clinicadeengenharia.com.br/projetos/projeto-fenix.

USO E TRATAMENTO DE MANANCIAIS

Para ter um gerenciamento pleno de água, primeira coisa é captação, que pode ser superficial ou subterrânea. A água, mesmo a que sai do poço precisa de tratamento. A superficial precisa de um tratamento maior, já a do poço é só a desinfecção.

Outra coisa importante é o reservatório. “Qualquer problema na captação, se não tiver reservatório, fica sem água. O ideal é 3 dias de água guardada”, explica Giampá.

O hidrômetro é outro ponto de destaque. Em uma cidade em que foi implantado um sistema, não havia hidrômetro, nem reservatório e existiam dez poços, o que não dava conta de atender a cidade. Após a implantação, eram utilizados apenas 2 poços para atender a cidade com sucesso e os outros 8 eram revezados para não perder o poço.

Em Tóquio, 3% de perda é um índice muito alto, aqui no Brasil, 30% é a média. Pois não é sistema de gerenciamento adequado. “A maior parte da perda de água é roubo. Se colocar as empresas privadas, a perda será reduzida e muito, já que é dinheiro indo embora”, explica Giampá.

O sistema de esgoto hoje é bastante simples de ser implantado, segundo Giampá, mas ainda sim, metade da população brasileira não tem acesso. “Hoje, o sistema mais eficiente é de lodo ativado, feito por região. A estação é pequena, simples, sem odores e fácil de operar. E separar esgoto industrial de residencial”.

Segundo Rocha, há investidores Internacionais interessados em implantar, porém falta a concessão para colocar em prática.

Após, algumas perguntas foram feitas, o presidente encerrou a palestra entregando a Moção de Congratulação aos três e convidando todos para um café patrocinado pelos palestrantes.

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