Emoção marca a entrega da Locomotiva da Sorocabana restaurada com apoio da AEAS

Foram seis meses de trabalho duro, movido pela paixão inoculada pelo incurável vírus das ferrovias. E finalmente ela está pronta, está linda, está viva. E apitando! O cair da noite deste último sábado (9) foi de muita emoção, quando o Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária, apresentou na Estação Paula Souza seu minucioso trabalho de restauração da locomotiva Westinghouse 2041, que novamente ganhou as cores da Estrada de Ferro Sorocabana.

Antigos ferroviários, autoridades, crianças e muita gente que gosta de trem fizeram questão de subir na cabine da 2041 e posar de “maquinista”, puxando o cordão do apito e acenando com a mão. A máquina chegou ao público com as luzes acesas.

“Depois de 20 anos, uma locomotiva elétrica voltou a apitar em Sorocaba”, lembrou Eric Mantuan, do Movimento Preservação Ferroviária, na cerimônia de entrega. Desde 1999 os trens elétricos deixaram de fazer o percurso São Paulo-Itapetininga, quando a ferrovia foi privatizada e só restaram locomotivas a diesel, porque a conta de luz da estatal Eletropaulo passou a pesar.

Eric agradeceu o apoio decisivo da AEAS no custeio da restauração, da Rumo Logística (atual detentora da concessão ferroviária) e sobretudo da equipe de voluntários que com muito esforço  e talento ofereceu a mão de obra especial para os serviços necessários – que não foram poucos, pois a locomotiva chegou a eles em estado de sucata.

A volta do trem de passageiros

Representando o prefeito José Crespo, o secretário de Mobilidade e Acessibilidade de Sorocaba, Luiz Alberto Fioravante, parabenizou a todos pela conquista, destacou a vocação que Sorocaba tem para a ferrovia e garantiu que a cidade voltará a contar com trens de passageiros. Segundo ele, o governador João Dória já deu essa garantia.

Fioravante informou ainda que o Grupo Votorantim já se dispôs a entregar para as prefeituras de Sorocaba e Votorantim os 8 km de linha férrea entre as duas cidades para a implantação do trem turístico, atração que agora vai necessitar de aprovação de projetos para essa finalidade, nas Câmaras dos dois municípios.

O engenheiro José Carlos Carneiro, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba, expert no assunto ferrovia, lembrou do seu passado de usuário dos trens elétricos até São Paulo. Disse que a participação da AEAS na restauração da locomotiva, que agora vai poder ser vista na sua forma original, é uma forma de preservar a memória e de reforçar a necessidade da volta dos trens, não apenas por motivos de saudade, mas como uma solução moderna e econômica para o transporte.

Carneiro destacou ainda que a locomotiva Westinghouse 2041 foi em sua época a mais potente do mundo em bitola métrica, um feito alcançado por engenheiros da Sorocabana, num modelo que foi exclusivo desta ferrovia. Ela retornou à estação Paula Souza totalmente sucateada. Depois dos serviços de calderaria, fundição, pintura (com tinta automotiva), produção de ferramentas específicas, recuperação da cabine, entre outros procedimentos, ficou novinha em folha, com todas as suas características originais.

A locomotiva pesa 130 toneladas, tinha potência máxima de 2 mil cavalos, tirados da antiga rede elétrica de 3 mil volts. Podia chegar, em velocidade de cruzeiro, de 48 a 90 quilômetros por hora. Ela fará parte do futuro Centro de Memória Ferroviária que será implantado na Estação Paula Souza.

[Assessoria de Comunicação AEAS]

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